quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Workshop com Natalia Trigo em Nova Friburgo

                                                           
                                                            Data: 18 de outubro de 2015
Horário: 14 às 17h
Tema: Técnica de Quadril para Solo de Percussão
Professor(a): Natalia Trigo

Investimento: R$80,00 (com certificado incluso)

        Local: Studio 3 - Núcleo de Artes e Dança - Rua Moisés Amélio, nº 63, Centro, Nova Friburgo - RJ
(Próximo ao Cadima Shopping)

Solicite sua ficha de inscrição e garanta sua vaga!

 Realização: Saisha Lis (DRT 47.915/RJ)
tel: (22)2521-1313/ 99737-4431/ 99264-2679/ (22)99878-3937
e-mail: monaraemerick@ig.com.br



Workshop com Luana Caetano em Nova Friburgo


                                                            Data: 20 de setembro de 2015
Horário: 14 às 17:30h
Tema: Dança Baladi e uma breve reflexão sobre o papel da dança na sua vida
Professor(a): Luana Caetano
Investimento: R$80,00

Local: Studio 3 - Núcleo de Artes e Dança - Rua Moisés Amélio, nº 63, Centro, Nova Friburgo - RJ
(Próximo ao Cadima Shopping)

Solicite sua ficha de inscrição e garanta sua vaga!

 Realização: Saisha Lis (DRT 47.915/RJ)
tel: (22)2521-1313/ 99737-4431/ 99264-2679/ (22)99878-3937
e-mail: monaraemerick@ig.com.br







segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Retalhos de uma história: Nadia Gamal

Há algumas versões diferentes sobre a origem de Nadia Gamal. Alguns dizem que ela é libanesa, mas morou no Egito. E outros dizem que ela é egípcia, mas logo mudou-se para o Líbano.
Segundo pesquisas de Lívia Jacob, do site Arabesc, Nádia Gamal nasceu no Egito, mais precisamente em Alexandria, na década de 1930. Filha de mãe italiana e pai grego, seu nome de batismo era Maria Carydias. Ela cresceu no meio artístico, pois sua mãe era bailarina e atriz, e apresentava um número no Casino Opera no Cairo, que pertencia à Badia Massabni. Quando pequena Nadia já se apresentava com a mãe, como atriz, no Casino Chatby em Alexandria, quando era conhecida como Carry Days. E mais tarde como dançarina, fazendo números de danças europeias no Casino Opera. Além disso, como na época era proibido o trabalho de menores de 13 anos no Egito, suas participações em festas e casamentos eram consideradas informais.
Foi no Casino Opera, de Badia Massabni, que sua carreira como bailarina oriental realmente começou. Seu estilo era único, pois era treinada em balé, dança moderna, piano, jazz e sapateado.
Diz uma lenda que sua primeira apresentação na dança oriental (seu pai a proibia de dançar em público por conta da sua idade) foi aos 14 anos, quando uma das bailarinas do casino da Badia ficou doente e não pôde se apresentar, sendo substituída por Nadia.
Mas Nadia também era muito estudiosa, falava 7 línguas diferentes e gostava de pesquisar a origem da dança do ventre. Sua grande missão era lutar contra a vulgarização dessa arte. Ela costumava enfatizar "A Dança Oriental é uma arte, essa dança é a mais antiga da nossa civilização. Eu viajo pelo mundo para mostrar que é uma dança refinada, artística, tradicional e cheia de beleza."
Viveu no Líbano por muitos anos e adotou o país dos cedros como sua pátria, a pátria que ela escolheu e que a coroou como a "primeira dama da dança do ventre". Pode ser vista como grande expoente do estilo libanês de Dança Oriental.
Fez sucesso principalmente nas décadas de 50 e 60 e foi a responsável pelo surgimento da primeira escola de Dança do Ventre em Beirute, Líbano.

Como bailarina ela se orgulhava de ser a única a ser convidada a se apresentar no famoso festival libanês Baalback, na década de 1960, onde, apesar do preconceito contra a dança do ventre, ela foi aclamada por 4 mil espectadores e sua apresentação é considerada memorável até hoje. Seu reconhecimento como bailarina excepcional também veio quando ela se tornou a bailarina do palácio do Shah do Irã e também do Rei da Jordânia.
Ela participou de inúmeros filmes e shows, tanto como bailarina quanto como atriz, mas não existe um catálogo oficial deles, apesar de ser possível achar muitos no Youtube. Uma das coisas interessantes desses vídeos é que eles englobam quase toda a carreira da Nadia, então é possível observarmos a sua evolução como bailarina, desde novinha até quase a sua morte em 1990.
Em 1965, Nadia já começou a fazer sucesso fora do mundo árabe (ela viajaria o mundo inteiro como uma espécie de embaixadora da dança oriental). Se apresentou em inúmeros países, incluindo diversos lugares da Europa, Estados Unidos e Canadá. Ainda nesse ano, Nadia participou de produções libanesas, como o filme "Al Seba wa Al Jamal", no qual sua dança aparece numa cena bastante familiar.
Era uma bailarina muito expressiva, de grande dramaticidade e incrível interpretação musical, chegando a ser chamada de Isadora Duncan da dança oriental. Diferente de outras bailarinas de sua época, chegou a apresentar coreografias modernas, de outros estilos de dança, com leves toques orientais.
Também era comum a Nadia utilizar elementos em cena para a construção de sua dança, além de interagir e brincar com outros atores. Uma marca dessa bailarina era o seu poderoso trabalho de quadril, com movimentos amplos, além de um trabalho de mão diferente do que normalmente é visto. Teve uma longa parceria com o derbakista Setrak. Dançou e ministrou aulas nos Estados Unidos, Canadá e Europa.

Randall Grass escreveu sobre Nadia: “(...)uma grande bailarina é uma musicista cujo instrumento é o seu próprio corpo. Nadia Gamal realmente era um "great spirit" (grande espírito), tanto quanto um grande músico, uma artista que inspirava admiração naqueles que a assistiam. Contudo, ela é pouco conhecida fora do Oriente Médio e dos círculos de Dança Oriental, uma injustiça que eu senti que precisava ser corrigida."
Nadia foi casada 3 vezes, mas nunca teve filhos. Veio a falecer em 1990 de câncer de mama com muito sofrimento.


http://ventredadanca.blogspot.com.br/2013/02/nadia-gamal-parte-3.html

sábado, 6 de junho de 2015

Retalhos de uma história: Nagwa Fouad


Nascida em 1942, foi a bailarina mais famosa na 2ª metade deste século. Seu começo artístico foi como secretária em uma empresa de organizações de festas e daí passou para o teatro e dança. Afastada de sua casa em Alexandria, sonhava em dançar no Cairo. Participou de muitos filmes com um êxito sem precedentes. Sua fama ultrapassou o mundo árabe e passou a representar o Egito em muitos festivais turísticos.
Sua primeira aparição no cinema foi uma pequena participação em “Shari Al-Hob” (Rua do Amor), estrelando Abdel-Halim Hafez. Um papel importante foi em “Malak wa Shaytan” (Anjo e Diabo). “Eu fiz treinos para melhorar a voz para esse filme e aprendi sobre como atuar melhor.” Desde então Fouad atuou em mais de 100 filmes e dançou em mais de 250. Nagwa montou um grupo com 12 dançarinos e 35 músicos e cantores, um coreógrafo e um estilista. “Isso foi uma espécie de teatro móvel em pequena escala. Nós visitamos todo o país levando nossas performances.” Seu grupo de dança reconheceu diversos elementos de origem folclórica tanto egípcios quanto de outros países árabes.
Fouad sempre testava os limites da sua arte, procurando produzir e apresentar grandes espetáculos. Foi a pioneira em incorporar elementos originais e sofisticados, dando a Dança Oriental um teor muito mais adaptável ao mundo Ocidental. Desta forma, viajou inúmeras vezes para a Europa, América do Norte e Ásia, onde participou dos grandes festivais. Nos Estados Unidos realizou várias apresentações dedicadas especialmente aos habitantes de origem árabe e fundou uma escola de dança oriental em Nova Iorque. Uma de suas mais bem lembradas performances se chamava Thunder. As palavras que ela utilizava para descrever seus shows eram “renovação, desenvolvimento, glória e distinção”.
Nagwa Fouad lutou para que a Dança do Ventre fosse ressignificada como uma dança digna de respeito. No mundo, muitos enfatizaram a má reputação da profissão de dançarina, mas Nagwa insistiu na importância da dança. “Você pode sentir o perfume do Oriente e experienciar uma das 1001 noites.”


Em 1976, o compositor Mohammad Abdel Wahab escreveu uma música especialmente para ela, de nome Arba'tashar. Nesta dança, Nagwa diz ter podido combinar a dramaticidade de Tahía Carioca e as acrobacias de Naima Akef. Este foi seu primeiro grande sucesso responsável por seu reconhecimento. Após ele, foi obrigada a criar novas coreografias a cada três meses. Nagwa com seus movimentos de braços e sinuosidades do quadril reserva sempre um momento do show especial para a Camanja (violino).
Foi também cantora e artista de cinema e teatro; e em 1922 quis interromper definitivamente sua carreira de dança, para consagrar-se no cinema, mas não conseguiu devido a inúmeros pedidos, alegando ser insubstituível. Cativou numerosos políticos, entre eles o estadista Richard Nixon, o egípcio Anwar el Sadat e também o presidente Carter e Henry Kissinger
Hoje em dia ela não vê razões para se aposentar. “Arte não tem ligação com idade ou nacionalidade… ela tem ligação com criação e presença e se o artista pode dar e aproveitar o momento, ele deve continuar fazendo a sua arte.”
Fouad é a única dançarina de sua geração que continua dançando e dando workhsops mesmo na Europa.



Fontes:
Nagwa Fouad, disponível em http://www.belly-dance.org/nagua-fouad.html

sábado, 9 de maio de 2015

Retalhos de uma história: Souheir Zaki

“Ouça a música com o coração e traduza seus sentimentos com o corpo.”



Souheir Zaki nasceu em Mansoura, onde viveu com sua família até os nove anos de idade, depois mudaram-se para a cidade mediterrânea de Alexandria. Souheir apaixonou-se pela música e pela dança desde bem cedo. Com 11 anos já chamava a atenção dançando nas festas de aniversário e casamentos de amigos e familiares.
Uma das mais famosas dançarinas dos anos 60 e 70, Suheir Zaki começou a aparecer em gravações dançando algumas músicas de baixa qualidade. Contrária a qualidade das músicas gravadas, sua meticulosa forma de ouvi-las e expressa-las tornou-se famosa e ela ganhou o respeito de todos os membros da orquestra que a acompanhava.
Em determinada ocasião Anwar Sadat, presidente do Egito, a nomeou “a Om Kolthoum da dança”, e disse a ela “assim como ela canta com a própria voz, você canta com seu corpo.” Nos anos 60 Souheir recebeu o reconhecimento com honrarias e medalhas do xá do Irã, do presidente da Tunísia e de Gamal Abdel Nasser. Assim como Tahia Carioca e Samia Gamal – suas maiores fontes de inspiração – ela se tornou uma bailarina legendária em seu próprio meio. Quando criança, diz Souheir, “eu costumava ir direto da escola para o cinema, para assistir Tahia Carioca e Sâmia Gamal na grande tela. Eu até mesmo cortei meu cabelo e arrumei para ficar parecida com Fairuz", ela diz, referindo-se a uma estrela mirim do cinema egípcio. 

O desejo de Souhair Zaki para dançar em público superou a desaprovação do seu pai. No entanto parece que era parte do seu destino; seu pai morreu quando ela ainda era muito jovem e sua mãe se casou novamente. Foi seu padrasto quem realmente lançou e gerenciou sua carreira, arranjando sua orquestra e tornando-se, mais tarde, seu empresário.
Souhair começou dançando nos nightclubs gregos de Alexandria. Depois mudou-se para o Cairo, onde se manteve, circulando entre casamentos e apresentações em nightclubs, que começavam
a noite e se estendiam pela madrugada.
"Minha maior rival era a Nagwa Fouad. Nós tivemos uma competição feroz. Se as duas estivessem contratadas para uma mesma festa numa noite, nós corríamos para mandar nossas orquestras e roupas na frente, vendo quem chegava antes ao local". Enquanto Nagwa Fouad, adorava flashes e grandes montagens para sua performance, num estilo bem ocidental, Souhair era exatamente o oposto. Raqia Hassan, reconhecida mundialmente como uma grande coreógrafa e mestra da dança,
se manifesta a respeito de Souhair: "Souhair Zaki resume a dança natural. Seu apelo está em sua simplicidade: ela traduziu a música de forma precisa e natural, sem excessos ou exibicionismo. Seus passos têm resistido aos anos, e são ensinados até hoje. Ela sempre foi autêntica apresentando-se e fingir nunca fez parte do seu estilo. Do mesmo jeito que a vê hoje, ao vivo, calma, tranquila para conversar e educada, ela sempre foi assim em cena".
A imagem clichê da dançarina oriental, quente e sedutora, muda um pouco de figura com ela. Isso talvez porque ela emergiu deste mundo controverso da dança com sua reputação mais ou menos intacta. Ela se orgulha em dizer que dançou nos casamentos de cada uma das filhas de ambos Anwar el Sadat e Gamal Abdel Nasser: que ela era constantemente escolhida para entreter as autoridades em visita ao país, desde o ministro de defesa da Rússia até o presidente Nixon e Henry Kissinger, e que, quando ela se tornou a primeira bailarina que ousou interpretar as reverenciadas canções de Oum Khalthoum num placo de nightclub, ela teve uma benção para o fato.
No final dos anos 80 o cenário da dança começou a mudar, e Zaki, vendo as coisas como iam se desenrolando, começou a pensar em se retirar elegantemente. Naquele tempo profundas mudanças tomavam forma dentro da visão que a sociedade tinha sobre a dança.
Em 2001 Raqia Hassan, quando a convidou para dançar e dar aulas depois de anos no Festival de Dança Oriental no Cairo, pessoalmente ficou impressionada pelo impacto que a presença de Souhair Zaki causou nas reservas das aulas. "Até que os formulários chegassem em grande número, eu não tinha idéia do quanto Souhair Zaki era amada por pessoas de diversos lugares do mundo. Quase todas as alunas inscritas para o festival se inscreveram para a aula a ser dada por ela".
Nada retira sua aura de glamour. Soueir Zaki traduz o verdadeiro espírito da dança oriental egípcia, sintetiza a natural dança baladi. É uma bailarina doce e elegante. Apresenta perfeito equilíbrio entre técnica e expressão. Sua musicalidade e precisão impressionam, traduzindo a música com perfeição.

"Aqueles dias nunca mais voltarão atrás. A atmosfera, os clientes, os convidados. Onde estão eles agora? A dança Oriental foi minha vida. Eu tenho meu filho e meu marido. Mas as melhores memórias de minha vida são todas da dança". Souhair Zaki.

Fontes:
Soheir Zaki, disponível em http://www.belly-dance.org/sohair-zaki.html
Soheir Zaki, one of the egypts' dance icons of the 1980's, disponível em http://www.belly-dance.org/soheir-zaki.html
MAHAILA, Brysa. Souhar Zaki. Revista Shimmie, ano 2, nº 10, página 18.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Entrevista: Aisha Hadarah


"Resumidamente, acho que a Dança do Ventre beneficia em primeiro lugar a autoestima da praticante e desenvolve consciência corporal. Principalmente consciência da musculatura do baixo ventre, esquecida por muitas mulheres. Isso é algo que o Tribal também faz, além de desenvolver o espírito de unidade entre um grupo e a conexão com as raízes."

DVNF: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória na dança do ventre?
AH: Iniciei na Dança do Ventre em 2002 numa academia pequena. Saía da escola e ia pra aula. Não tinha a menor pretensão de ser profissional. Dois anos depois encontrei o Asmahan, onde comecei a me aprofundar na dança e fazer shows. Lá fui convidada a ingressar no grupo Naqaala, da minha professora Noahri, que participou ativamente dos festivais no Rio, levando muitos prêmios pra casa. Também lá comecei a dar as primeiras aulas e montar os primeiros shows. Participei de muitos concursos na cidade e no estado do Rio de Janeiro, obtendo vários prêmios solo e alguns em grupo. Depois de 5 anos, passei a estudar no Espaço Mosaico, onde também fui ser professora. Nesta época fui pela primeira vez ao Egito e participei do festival Ahlan Wa Sahlan, e aquela viagem marcou muito minha forma de ver a dança. Passei a dar aulas nas escolas Sol y Luna Danzas, Espaço Chandra e Surya, EDM Kamillah Franklin, Kelimaski e Studio de Dança Mahira Safie. Fui convidada a ingressar no grupo Al Qamar, dirigido por Melinda James, e a coordenar shows mensais no Restaurante Al Khayam. Hoje dou aulas quase todo dia, estou sempre produzindo um show e fazendo algum workshop. Como muitas pessoas próximas a mim sabem, já tentei largar a Dança do Ventre por motivos de decepção com o meio, mas a dança me chamou de volta todas as vezes que pensei em desistir e hoje eu crio meio próprio meio, como fui aconselhada.

DVNF: Quais foram os professores que mais marcaram o seu aprendizado e por quê?
AH: Noahri Mahin, que foi minha principal professora e moldou todo o meu estilo de dança; e Melinda James, minha atual professora, que escolhi quando voltei à estudar por ter sempre admirado seu trabalho e seu estilo.

DVNF: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
AH: Minhas primeiras inspirações foram minhas professoras, Kahina e Jillina, que eu lembre. Hoje sou apaixonada pelas egípcias (e egípcios), por isso Gamal Seif e a eterna Souheir Zaki.

DVNF: O quê a dança acrescentou em sua vida?
AH: Acho que posso dizer TUDO. Meus maiores amigos vieram da dança e as melhores histórias da minha vida vieram trazidas pela dança. Todo o meu modo de lidar com as pessoas foi desenvolvido a partir da dança e uma total explosão do consciente feminino.

DVNF: O quê você mais aprecia nesta arte?
AH: A ligação com o feminino, as raízes e o ancestral, sem falar na beleza.

DVNF: Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou no tribal ? Como foi isso?
AH: Sim, muitas vezes dançando em shows contratados ouvi piadinhas sobre a dança, vindas de gente desinformada. E uma vez, numa gravação externa, todas as bailarinas de dança do ventre presentes ouviram desaforos de transeuntes. Realmente triste.

DVNF: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
AH: Houve muita, mas hoje eu percebo que faz parte da vida. A dança mexe muito com o ego das pessoas e isso dá origem a maioria dos problemas.

DVNF: Como é ter um estilo alternativo dentro da dança. Conte-nos um pouco sobre isso.
AH: Eu sempre fui meio assim... Meu cabelo é vermelho desde os 13 anos de idade, eu amo minhas tatuagens e meus piercings, e adoro mostrá-los. Acho que na dança tem-se mais liberdade de exibir estilos assim, por isso sempre fui atraída por artes em geral. Pra mim é tipo um complemento do figurino!

DVNF: Você transita por modalidades diversas de dança, apresentando bons trabalhos de Dança do Ventre, Folclore, tribal e dança cigana. O que a motivou a buscar cada um desses aprendizados?
AH: A Dança do Ventre me atraiu a princípio pela conexão com o sagrado feminino. Acabei me aprofundando nela como dança e descobri o Folclore Árabe, que é uma paixão na minha vida. O Folclore Árabe me encantou por abrir a possibilidade de estudar povos distantes, suas vestimentas e seus costumes traduzidos em dança. O Tribal também conheci através da Dança do Ventre, quando ninguém fazia idéia do que era aquilo, e fiquei imediatamente atraída pelo figurino carregado de referências étnicas. Já a Dança Cigana foi algo paralelo à Dança do Ventre, que descobri e que me descobriu. Só posso dizer que é espiritual.

DVNF: Você poderia destacar os pontos positivos do estudo de cada uma dessas danças?

AH: Resumidamente, acho que a Dança do Ventre beneficia em primeiro lugar a autoestima da praticante e desenvolve consciência corporal. Principalmente consciência da musculatura do baixo ventre, esquecida por muitas mulheres. Isso é algo que o Tribal também faz, além de desenvolver o espírito de unidade entre um grupo e a conexão com as raízes. Pesquisando Folclore Árabe acaba-se estudando História, Geografia e Antropologia, isso quando você não começa a estudar árabe também... E a Dança Cigana também entra por esse mesmo caminho.

DVNF: E como uma pode influenciar no estudo da outra? Há pontos convergentes? E divergentes?
AH: Eu já cansei de fazer giro de tribal no meio da clássica de dança do ventre, então às vezes confunde um pouco... Ou vai ver sou eu. Acho que uma das coisas que mais se diferencia nessas danças mencionadas é a postura de braços. A Dança do Ventre tem certos braços, o Tribal tem outro, a Dança Cigana já é outro e o Folclore vai ter braços diferentes em cada estilo. Obviamente temos a diferença nos passos, ritmos, mas acho que os braços diferem muito.

DVNF: Como  e quando você descobriu o tribal fusion e por que se identificou com esse estilo?Quando começou a praticar o tribal fusion? 
AH: A primeira vez que vi tribal foi num vídeo antigo do BellyDance Superstars, era a Rachel Brice e fiquei fascinada. Me identifiquei com o poder que aquela imagem passava e o figurino étnico magnífico. Comecei a praticar o tribal no Asmahan, onde fui aluna e professora por 5 anos, e integrei a Cia. Caballeras e a Tribo Mozuna.

DVNF: O que você mais gosta no tribal fusion?

AH: Amo os figurinos com referências étnicas e a possibilidade de fusões com outros estilos de dança, como as que mais gosto: cabaret e balkan.

DVNF: Você poderia explicar um pouco a respeito da diferença do Tribal Fusion para as fusões que tem sido feitas da dança do ventre com outras danças?
AH: Quando se chama uma dança de Tribal Fusion ela deve ter base nos passos do ATS® e ser fusionada com outro estilo a partir daí. A fusão de Dança do Ventre com outra dança, por exemplo, Hip Hop, não é uma fusão Tribal, pois não tem sua base ATS®. Esta é a diferença.

DVNF: Para trabalhar fusões você considera que seja necessário haver um estudo mais aprofundado das modalidades de dança com as quais se quer trabalhar?
AH: Obviamente que sim, pois além de enriquecer a coreografia não cometemos nenhuma "gafe".

DVNF: Como foi fazer parte de um grupo de ATS®, como a Tribo Mozuna, dirigido por Nadja El Balady e Aline Muhana? Qual a importância que você vê no ATS®?
AH: Foi uma ótima experiência da qual guardo ótimas recordações. Nós tínhamos ensaios semanais e nos apresentávamos todo mês. Nadja El Balady ainda é minha professora de ATS®.

O ATS® é a raiz do Tribal, lindo e hipnotizante, com uma missão que muitos esquecem: unidade em grupo, espírito de tribo.

DVNF: Conte-nos sobre seu gosto pelo estilo balkan. Como surgiu a oportunidade de dançar no GoEast Festa e como foi a experiência?
AH: Amo o Leste Europeu, é minha parte preferida nas danças ciganas. Eu era amiga de músicos e das produtoras da GoEast Festa e sempre ia nos ensaios da Go East Orkestar e nas festas que eles faziam. Aí lançaram um concurso para dançar na festa e participei com as minhas amigas e companheiras de dança Carol Schavarosk e Nadja El Balady. Acabamos dançando juntas as três ao vivo com a Go East Orkestar e depois fui convidada para dançar em solo com orquestra mais vezes, sempre sendo uma experiência única.

DVNF: Qual a importância que você enxerga no estudo das Danças Folclóricas do Oriente Médio para a dança tribal?
AH: Acho importante estudar pra entender de onde vêm certas peças do figurino tribal e o que elas representavam em seu contexto original. Dos passos, existem alguns que foram absorvidos para o tribal, mas a dança folclórica que supostamente seria a base do ATS® é o Ghawazee, onde você encontra muitos dos passos que deram origem aos utilizados no ATS®, incluindo também a utilização dos snujs.

DVNF: Você tem muitas conquistas em concursos. Como foi sua trajetória na participação deles e o que eles trouxeram de positivos para você?
AH: Eu lembro de ter dito que nunca ia competir, mas um dia resolvi testar minha dança e fui no mesmo dia competir com Dança do Ventre e Folclore Árabe, ambos solos. Fiquei absurdamente surpresa quando ganhei terceiro e primeiro lugares respectivamente. Quando recebi as avaliações achei muito interessante ver que todos falavam nos mesmos pontos fortes e nos mesmos pontos fracos. E pude estudar a partir daí. Então, os concursos se tornaram um motivo de estudo pra mim, sempre me baseado nas avaliações que recebia. Como foquei no Folclore Árabe, acabei me tornando conhecida nesse aspecto, o que me rendeu convites para workshops e shows. Posso dizer que os concursos foram uma ótima experiência pra mim em muitos níveis, mas uma vitória também é subir num palco pra se permitir ser julgado. Todos que fazem isso são muito corajosos e estou contente comigo mesma por ter feito e ainda de quebra ter ganhado troféus.

DVNF: Como é o cenário da dança tribal no Rio de Janeiro? Pontos positivos, negativos, apoio da cidade/estado, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?
AH: Acho que o Tribal no Rio ainda não é muito conhecido, muitas pessoas ainda não sabem ao certo o que é ou têm uma idéia totalmente errada. O ideal é que surjam mais pólos de estudo de tribal e mais festivais voltados para o estilo.

DVNF: Buscando conhecer um pouquinho mais a respeito da multiplicidade que é a Aisha Hadarah, gostaríamos de perguntar sobre sua profissão como fotógrafa. Como é esse olhar para o corpo que dança através das lentes? E como o fato de você também dançar contribui para a qualidade de seu trabalho?AH: Multiplicidade, falou tudo. Eu amo fotografar beleza então tento extrair a beleza existente em cada uma. O fato de eu também ser bailarina é o que faz a maioria das bailarinas me procurarem pra fazer um book. Elas ficam mais à vontade por eu ser como elas, entender dos figurinos, das bijuterias, dos acessórios e, principalmente, das poses. A maioria das meninas fica muito tímida na frente da câmera, então, eu vou dirigindo as poses até que a bailarina surja de dentro delas. Sempre dá certo!
DVNF: Você tem um atelier de figurinos tanto para dança do ventre quanto para tribal. Como surgiu a ideia ou oportunidade de formá-lo? Como é o processo criativo para as linhas e suas inspirações para a composição das mesmas? Há alguma curiosidade a respeito do ateliê?
AH: Tive o primeiro atelier com outras duas bailarinas, depois dei uma pausa e voltei a produzir sozinha. Quis unir minha experiência com o design de moda às criações, por isso comecei a montar as peças. É difícil descrever o processo criativo pois eu tenho fases, então as criações são de acordo com essas fases. Estive fazendo uma renovação no atelier e esse ano terão muitas novidades.

DVNF: Como você descreveria a sua dança hoje?

AH: Hoje acho que minha dança está bem ao estilo egípcio, devido aos meus estudos, porém sempre com braços um pouco fusionados.

DVNF:  Improvisar ou coreografar? E por quê?
AH: Eu nunca coreografo nada inteiro, somente faço marcações de tempo e finalizações. Improviso quando preciso, foram muitas vezes na vida... E coreografia somente em grupo, aí eu faço direitinho.

DVNF:  Você trabalha somente com dança?
AH: Não, sou artista plástica e designer, acabei virando fotógrafa e tento unir isso tudo num só caminho.

DVNF: Quais seus projetos para 2015? E mais futuramente?
AH: Pretendo voltar ao Egito pra estudar e estou produzindo alguns shows e workshops.

DVNF: Deixe um recado para os leitores do blog.

AH: Deixo esse texto de Osho que vale a pena lembrar:

"A palavra coragem é muito interessante. Ela vem da raiz latina cor, que significa "coração". Portanto, ser corajoso significa viver com o coração. E os fracos, somente os fracos, vivem com a cabeça; receosos, eles criam em torno deles uma segurança baseada na lógica. Com medo, fecham todas as janelas e portas – com teologia, conceitos, palavras, teorias – e do lado de dentro dessas portas e janelas, eles se escondem.

O caminho do coração é o caminho da coragem. É viver na insegurança, é viver no amor e confiar, é enfrentar o desconhecido. É deixar o passado para trás e deixar o futuro ser. Coragem é seguir trilhas perigosas. A vida é perigosa. E só os covardes podem evitar o perigo – mas aí já estão mortos. A pessoa que está viva, realmente viva, sempre enfrentará o desconhecido. O perigo está presente, mas ela assumirá o risco. O coração está sempre pronto para enfrentar riscos; o coração é um jogador. A cabeça é um homem de negócios. Ela sempre calcula – ela é astuta. O coração nunca calcula nada."

Mil Beijos, Aisha Hadarah



Contato:
www.aishahadarah.com.br

Conheça também o Photo Arte Studio:
 http://www.photoartestudio.com.br/

Por Aerith & Ju Najlah

Vídeos:






segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Festa Libanesa - Nova Friburgo - RJ


Data
30/11/2014 
(domingo)
Local: Salão Nobre do Nova Friburgo Country Clube
Horário: a partir das 12:30h

Almoço Árabe assinado pela Escola Superior de Gastronomia da Faculdade Cândido Mendes.

Danças Típicas com Grupo Nur de Dança do Ventre, Ju Najlah, Grupo Hator, Saisha Lis, Escola Casa do Líbano e Liz Cordeiro

Ingressos a venda na loja Doces Sader!

Realização: Gilberto Sader